O caso da mulher que acabou pendurada no topo de um automóvel ainda choca os moradores de Giruá, cidade com pouco mais de 16 mil habitantes no Noroeste gaúcho. A vítima morreu atropelada na RS 344, no domingo, e o motorista guiou por mais três quilômetros com a corpo preso na capota. Ela completaria 22 anos na data dos fatos.
As colegas da moça pedem a responsabilização criminal do condutor. Elas foram para o país vizinho e buscaram a mãe da vítima, que permanece hospedada em Giruá enquanto aguarda a liberação do corpo.
Nesta terça-feira, a dona da casa noturna em que Viviana trabalhava conversou com a reportagem do Correio do Povo e disse que a jovem era querida por todos que a conheciam.
“Estamos em choque, ela não merecia o que aconteceu. Era uma pessoa muito boa e educada. Todos gostavam muito dela.”
Segundo a proprietária, na data do ocorrido, o estabelecimento fechou as portas por volta da 1h30min. Duas horas depois, Viviana teria saído a pé, sem comunicar as outras.
Ainda de acordo com a mulher, o motorista que matou Viviana não demonstrou qualquer sinal de empatia desde o ocorrido. Ele responde em liberdade.
“O condutor, que nem ao menos parou o carro para prestar socorro, continua sem demonstrar solidariedade. Queremos justiça, ele precisa responder criminalmente. Isso que aconteceu com a Viviana poderia ter ocorrido com qualquer uma de nós”, lamentou a patroa.
Relembre o caso
No último domingo, próximo às 4h, Viviana foi atingida por um Volkswagen Fox no quilômetro 65 da RS 344. A jovem vestia apenas um moletom.
Uma ageira que sentava ao lado do condutor teria notado algo similar a uma perna humana no vidro traseiro, mas o veículo circulou por mais três quilômetros. Já na casa do homem, os dois desembarcaram na garagem e viram o cadáver preso no topo do veículo.
A dupla acionou a Brigada Militar, que esteve no imóvel ao lado do Instituto-Geral de Perícias (IGP). Depois, o motorista se apresentou voluntariamente à Polícia Civil, mas recusou fazer teste do bafômetro. A ocorrência foi registrada como homicídio culposo, ou seja, quando não há intensão de matar.
Conforme a delegada titular da DP de Giruá, Elaine Maria da Silva, um inquérito foi instaurado para determinar o que de fato aconteceu. Há indícios que o motorista tenha tentado parar o carro no momento em que atingia a vítima, e que ele seguiu trajeto mesmo assim.
“As lesões no corpo da vítima e os danos no veículo são compatíveis com a colisão. No entanto, a análise preliminar do carro indica que o condutor tentou frear na hora do acidente. Ele pode até alegar que pensou ter atingido um animal, mas o impacto de atropelar uma pessoa é muito mais forte que isso. Seria possível sentir”, avalia a titular da DP de Giruá.
Correio do Povo